5/05/2014

Histórias da Vila

Talvez de longe você enxergue a favela como um lugar cheio de perigos, gente má, violência, casas feias e mal acabadas e por aí vai. 
Eu sei o que eu vejo! 
Pessoas incríveis com suas histórias de vida, lutas e sonhos. Crianças cheias de potencial e energia. Mulheres guerreiras que criam seus filhos com lutas e dificuldades.


Hoje eu tive o privilégio de conhecer mais uma história.

Subindo o morro e voltado pra casa, conheci a Silvia (vou chamá-la assim). 
28 anos, faxineira, 6 filhos, sem marido, namorado preso aguardando julgamento, alegre e comunicativa. Silvia e eu conversávamos enquanto subíamos o morro. 
Ela contou que há 11 dias havia dado à luz uma menina. De início não conseguiu lembrar o nome da filha caçula. Depois de algum esforço, Sílvia lembrou o nome e contou que o pai havia escolhido o lindo nome da menina. Por complicações no parto, a bebezinha ainda estava internada e Silvia iria fazer faxina na casa de uma família e logo após visitaria sua bebê no hospital. 

Segundo ela: "Deixa ela lá no hospital, tadinha, pelo menos não vai ver como esse mundão é terrível..."

Silvia fez cesariana e 11 dias depois, já estava subindo o morro para ir trabalhar. Quando eu falei sobre repouso após a cesárea, ela deu uma risada bem irônica "Se eu repousar, meus filhos não comem..."

Continuamos a conversa, que mais pareceu uma entrevista já que eu tinha mil peguntas pra fazer. Silvia respondia cada uma das minhas perguntas com entusiamos por estar sendo ouvida mesmo que por uma desconhecida. 
Assim, fiquei sabendo de sua luta, de sua vida, da dificuldade em não poder manter todos os filhos junto de si, a tristeza por ter que entregar "alguns" filhos para o cuidado de outros e a satisfação de poder trabalhar pra sustentar sua casa.

Existem muitas Silvias nas comunidades espalhadas por aí. Cada Silvia com sua própria história, lutas e dificuldades.
O desafio maior é mostrar para essas mulheres que existe uma vida melhor. O desafio é ajudá-las a romper com o ciclo de pobreza que prende mulheres como a Silvia nessa rotina de conformismo e falta de esperança.

Há esperança para Silvia e para os 6 filhos. 
Há esperança para essa menina que nasceu há apenas 11 dias!

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